Monday 15 July 2013

Agostinho Fernandes - Haverá Vida no Sol?! (1955)

Ainda reinam controvérsias sobre o assunto. Contanto, é um facto mais ou menos assente: há possibilidades de existência de seres vivos no planeta Marte. Nada mais natural. Na verdade, como se pode admitir que de tantas planetas constituintes do sistema solar, de tantos astros conhecidos que pululam pelos espaços, e, de entre inúmeros que nem os mais poderosos aparelhos engendrados pelos cérebros humanos conseguem ver, ou sentir apenas, só o nosso planeta, seja habitado por seres vivos? Até parece um absurdo pensar que essa dádiva seja tão somente monopólio da Terra...

As mentes dos cientistas e investigadores ferveram e lá chegaram à conclusão de que havia possibilidades de vida no Marte... Mas, porque pensaram só no Marte? Com certeza porque é o planeta cujos condições, sob todos os pontos de vista, mais se aproxima das da Terra. Isto está bem se nós pensarmos na existência duma vida semelhante à nossa, mas, os restantes planetas podem ter seres vivos diferentes das no nosso, com outras necessidades, outras exigências...

Já é de todos sabido que os seres vivos tem um grande poder de adaptação. Vejamos o que se passa com esses seres ínfimos que nós chamamos bactérias. Tem a sua temperatura óptima onde proliferam maravilhosamente, mas estas mesmas bactérias podem viver a temperaturas mais altas ou mais baixas, desde que a passagem dum dado grau de calor ao outro seja gradual. Em resumo, acabam por se adaptar. Descobriu-se a penicilina e em voz alta declarou-se uma guerra fatal aos micróbios. A vitória durou pouco. Os nossos minúsculos inimigos tornaram-se resistentes a este prometedor antibiótico, isto é, adaptaram-se a ele...

Se, mesmo dentro do nosso planeta, a natureza dota os seres vivos de tão amplo espectro de adaptação, o que será em relação ao outro?...

O sistema solar é constituído de Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, etc, girando todos em volta duma grande fonte calorífica que é o Sol... Alem de outras coisas, o qeu nos leva a duvidar da existência de vida noutros planetas são as largas diferenças de temperatura. Todos os planetas recebem o calor do Sol. É claro que o mais próximo dele receberá mais em relação ao seguinte. Como é que nós avaliamos este calor? Em relação ao calor da Terra. Quando dizemos que Vénus é mais quente, subentendemos que o é em comparação com a Terra. Da mesma forma, o Marte é menos quente.

Na Terra estamos habituados a ver seres que não resistem a um inframinimo e a um determinado inframaximo mas, lá por isso, não podemos dizer que Júpiter onde a temperatura não atinge o nosso mínimo, se no Vénus onde ela é superior a nosso máximo, não haja vida. A única coisa que podemos afirmar é que não pode haver seres vivos iguais aos da Terra.

O que dissemos da temperatura podemos agora generalizar para o resto. Assim, é possível, por mais absurdo que isso pareça, que nos planeta desprovidos de água haja seres vivos que possam viver sem ela, naqueles em que falta ai se viva na absoluta ignorância deste fluido e que na constituição física desta vida entrem elementos que nós ainda não conhecemos ou que não existem na terra e que lhes permitam adaptar ao meio em que vivem...

Quem sabe se há seres no estado líquido, se há seres voláteis ou em qualquer outro estado por nós ignorado?

O que pensarão de nós e do nosso planeta os possíveis habitantes desses mundos? Sabendo que a sua Ciência não excedeu a nossa, o mesmo problema misterioso que é hoje para nós sê-lo-á para eles também... Os seus cientistas devem estar a martelar a cabeça e os aparelhos para responder as perguntas: O “haverá vida noutros planetas?”, “haverá vida na Terra?”

O que dissemos dos planetas podemos prolongar até a miríade de astros, de próprio Sol onde a temperatura atinge cifras inacreditáveis... Quem sabe se no Sol não existem seres no estado gasoso?

Cedo ou tarde chegar-se-á à Lua... e ao Marte. O homem não descansará enquanto não ponha lá o pé... levará consigo tudo o que for preciso para se adaptar àquele meio... Não tardará muito que os demais planetas o tentam também... Também lá chegará...

...E qualquer dia, os nossos descendentes ainda ouvirão, no aeroporto interplanetário, diálogos como este:

- Adeus, querida. Trabalhos urgentes chamam-me a Platão. Espero que não me sejas infiel na ausência...

E a esposa algo comovida:

- Adeus, amado. Boa viagem e feliz regresso...

Ou então terão no jornal em letra minúscula como se fosse uma coisa vulgar... e os simpáticos noivos seguiram viagem ao Sul para lá gozarem a “lua de mel”...

- E lá haverá vida, diferente da nossa, não importa, mas haverá vida no Sol...

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